O Caráter Destrutivo na terra do Príncipe Melancólico, 1
A Natureza cobra o seu quinhão mais cedo ou mais tarde. Mas não faz isso com arrogância ou deliberada mesquinhez. Muito menos de forma discreta, tentando poupar-se (e nos poupar) de eventuais escândalos que atrairiam olhares curiosos e inquisidores: ela retoma o seu lugar em horário comercial, na frente de toda a freguesia. Mas, nós – discretos que somos – nos trancamos num quarto, de madrugada, pensando estar criando algo de perene, como verdadeiros demiurgos: um mundo decalcado de outros mundos (não menos passíveis de serem também destruídos), e ao abrigo dos olhos de todos. Nossa ingenuidade só é comparável mesmo à nossa paixão. Na verdade perambulamos por entre extremos, pensando trilhar um caminho que nos levará à eternidade: imaginamos que, por meio da nossa capacidade criativa, podemos percorrer uma estrada coberta por pétalas, perfumada por um...